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Textos/Texts

O Rastro do Ponto em Movimento

Renato Velasco

 

Neste projeto vejo pontos interligados. Barbantes pretos e brancos partem de uma tela branca, saem e buscam pontos de atração, linhas ininterruptas como energia elétrica positiva e negativa. Fazem a ocupação do espaço, formam uma trama escultória que se integra com a arquitetura do local, envolvem e direcionam as pessoas sem aprisioná-las fisicamente. Elas estão inseridas no trabalho, mas livres para circular. Ligam pontos exitentes e inexistentes, cortam o claro e o escuro. Depois deixam aquele lugar, mas ficam marcadas na memória de quem por ali passou.

 

In this project I see connected dots. Black and white twines come from a white canvas, seeking attraction dots, uninterrupted lines like positive and negative energy. They occupy the space, forming a sculpture that integrates with the architecture of the place, involving and directing the people without imprisoning them physically. They are inserted in the work, but free to move. They connect existent and non-existent dots, cutting the light and the dark. After, they left, but keep in memory what had passed there.

 

 

 

 

Ponto em Movimento

Mauro Trindade

Curador

Tempo e Movimento

Performances e instalações nunca tiveram um lugar estabelecido na arte. Somente na década de 1970 passaram a ser aceitas como expressões artísticas independentes e, apenas em 1979, as primeiras ganharam uma narrativa sistematizada, de Roselee Goldberg. A autora atribui essa omissão à dificuldade de encontrar o lugar da performance dentro da história da arte e procura traçar sua história no século XX a partir das furiosas apresentações de Ubu Roi, de Jarry, de 1896, seguidas dos saraus futuristas e dadaístas.

As instalações, por sua vez, remetem à década de 1960, com a ressignificação do termo instalação que, se antes denominava a montagem de uma exposição, requer a partir dali uma operação artística na qual o espaço passa a ser constituinte da obra, cuja procedência alcança o artista alemão Kurt Schwitters e seus Merzbau, surgidos em 1923.

A ideia de participação rege Ponto em Movimento e performance e instalação são inseparáveis na ocupação do Parque das Ruínas. Não existem trabalhos que devam ser interpretados isoladamente, a despeito de suas características próprias. Aqui nada é referente, com linhas em conjuntos abstratos sem relações diretas com o mundo real. Todo  o trabalho rejeita decididamente o figurativo e procura adensar suas reflexões sobre arte e mundo com rigor e coesão, o que evoca o pensamento de Paul Klee, para quem “a arte não procura produzir o visível, mas tornar  visível”.

Para além do caráter transitório das imagens, há uma busca de entendimento e revelação na obra de Renato Velasco; talvez por isso ele se aproxime tão decididamente da espiritualidade dos pioneiros do abstracionismo. “Ponto em movimento” é a expressão que Wassily Kandinsky cunhou para denominar a linha, como o “ser invisível” formado por um rastro do deslocamento do ponto e, portanto, pura ação que aciona o pensamento.

Ponto em Movimento transcende categorias da arte. Fotógrafo de formação jornalística, Velasco não a utiliza em seu trabalho. “Precisei me afastar da fotografia, porque ela me levava a ver as coisas de uma maneira viciosa, estética. Eu pensava sempre em luz, no visual, no bonito. Percebi que tinha de sair da fotografia. Então comecei a pintar”, lembra. Como pintor, cria imagens nas quais a cor é suprimida em favor de uma lógica construtiva. Mesmo tintas e pincéis são substituídos por barbantes, que ultrapassam os limites bidimensionais da tela e avançam pelo espaço. Sua obra, assim, tampouco busca permanência na materialidade das substâncias nobres da arte, como o óleo, o bronze e o mármore resistentes às forças do tempo. Renato Velasco previne-se da domesticação da instalação e de seu entendimento como uma nova classe no vasto zoológico dos objetos de arte – ou, ainda pior, sua redução a uma ocupação meramente cenográfica da área de exposição – através de uma ação direta da montagem de suas instalações, com performances envolvendo artistas e espectadores, todos como criadores de um ato artístico. Aqui existe uma unidade que requer a presença do público para se realizar. Ou, na expressão do crítico Frederico de Morais, “o corpo é o motor da obra”. Tanto a performance quanto a de Ponto em Movimento fazem parte de um mesmo conceito capaz de operar com uma nova sensibilidade estética e uma nova compreensão crítica. Elas requisitam a vivência e a experiência do corpo do espectador, em uma reflexão dos espaços e das ações transfiguradas pelo artista.

Em todos os trabalhos de Renato Velasco existe uma simultaneidade espaço-temporal que a geometria euclidiana não pode dar conta. Nada é estático, nada se constitui em solidez, o que também explica a irrelevância dos suportes utilizados em suas obras de arte. No campo metafórico, Ponto em Movimento lida com múltiplas dinâmicas, em uma estética do movimento. Suas linhas materializam a pluralidade das forças heterogêneas que regem as relações humanas em redes e fluxos de dados presentes no universo digital.

Sem objetos cinéticos, sem buscar a representação visual do tempo e do movimento, a obra realiza-se em contradições lógicas e coerentes entre percepção e ideia, imobilidade e ação, preto e branco, descontínuo e permanente, resultado de uma longa pesquisa a respeito dos limites da arte e do conhecimento humano. Ponto em Movimento nasce de uma profunda preocupação com o que há de mais originário na criação artística e com a capacidade humana de percepção e entendimento. Com uma densidade conquistada ao longo dos últimos 15 anos, Renato Velasco expressa um processo criativo sem concessões à permanência como valor da arte.

Seu tempo é quando.

 

 

 

Point in Movement

Mauro Trindade

Curator

 

Time and Movement

Performances and installations have never had a fixed place in art. It was only in the 1970s that they first began to be accepted as independent artistic expressions and finally in 1979 that they received their first systematic narrative with the work of Roselee Goldberg. The author attributes this omission to the difficulty of finding the place of performance within the history of art and she tries to outline their history in the 20th Century based on the furious presentations of Ubu Roi, by Jarry, in 1896, followed by the Futuristic and Dadaist soirees.

The installations originate in the 1960s with a new meaning for the term “installation”, which if before meant to set up an exhibition, would then require an artistic operation in which space became a component of the art work, whose origin stems back to the German artist Kurt Schwitters and his Merzbau, created in 1923.

The idea of participation governs Point in Movement (Ponto em Movimento) and performance and installation are inseparable in the occupation of Parque das Ruinas. No work should be interpreted individually, despite their particular characteristics. Here, nothing is referent - with lines in abstract arrangements without any direct relation to the real world. All the art work decidedly rejects the figurative and looks to deepen its reflections about art and the world with rigor and cohesion, of which evokes the line of thought of Paul Klee for who “art does not reproduce the visible; rather, it makes visible”.

Apart from the transitory character of the images, there is a search for understanding and revelation in the work of Renato Velasco; perhaps this is why he approximates himself so decidedly to the spirituality of the pioneers of abstractionism.

Ponto em Movimento transcends categories of art. A photographer with a degree in journalism, Velasco does not use his experience in his work. “I needed to distance myself from photography because it led me to see things in a vicious and aesthetic way. I always thought about the lighting, the visual, beauty. I perceived that I needed to get away from photography. So, I began to paint”, describes the artist. As a painter, he creates images in which color is suppressed in favor of a constructive logic. 

Even paint and paintbrushes are substituted by thread which surpasses the two-dimensional limits of the canvass and advances spatially. Therefore, his work also does not look for permanence in the materiality of the noble substances of art, like oil, bronze and marble, which are resistant to the forces of time.

Renato Velasco prevents himself from the domestication of the installation and from its understanding as a new category in the vast zoo of objects of art - or, even worse, its reduction to a mere scenographic occupation of the area of the exhibition – through a direct action of mounting his installation, with performances involving artists and spectators, together as the creators of an artistic act. Such a work requires the presence of the public in order to achieve its effect. Or, in the expression of the art critic Federico de Morais, “the body is the motor of the work”. The performance as well as the Ponto em Movimento installation make up part of the same concept capable to operate with a new aesthetic sensibility and a new critical understanding. They both require the existence and the experience of the spectator's body in a reflection of the space and of the transfigured actions made by the artist.

In all of Renato Velasco's work, space and time are simultaneous, something that Euclidian geometrics cannot embrace. Nothing is static, nothing is solid, which also explains the irrelevance of the foundations used in his art. In the metaphoric field, Ponto em Movimento deals with multiple dynamics, in an aesthetic of the movement. Its lines materialize the plurality of heterogenic forces that govern human relations in networks and fluxes of data present in the digital universe.

Without any kinetic objects, without looking for a visual representation of time and movement, the work consists of logical and coherent contradictions between perception and idea, immobility and action, black and white, discontinuous and permanent, the result of a profound study into the limits of art and of human understanding. Ponto em Movimento was born out of a deep concern with what remains in regard to original artistic creation and with the human capacity of perception and comprehension. With his rich experience accumulated over the last 15 years, Renato Velasco expresses a creative process without any concession to permanence as a virtue of art.

His time is “when”.

 

 

 

Ponto em Movimento

Emilio Kalil

Secretário Municipal de Cultura

 

Durante a Renascença, a perspectiva trabalhava as linhas na superfície do quadro de modo a nos dar a impressão de realidade; modernamente, a obra de arte corresponde a um esforço do pensamento em compreender a realidade, em fundar um mundo a ela relacionado, mas que não é mera reprodução. A percepção humana tem seus limites e o artista contemporâneo trabalha no sentido de rompê-los, de propor ao público relações de espaço e tempo inusitadas, capazes de aguçar nossa percepção ao nos convidar a compartilhar o pensamento artístico.

Renato Velasco é fotógrafo de formação, trabalhou em vários jornais antes de se dedicar à investigação artística com os mais diversos materiais, transitando pela pintura, escultura e desenho. Ponto em Movimento utiliza recursos simples para trabalhar o conflito entre a aparência e o conceito. O momento da criação, em que a matéria é transformada pela inventividade do artista, faz com que a obra seja sempre uma dinâmica pergunta e não um mundo fechado e resolvido.

A Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro por meio da sua  Secretaria Municipal de Cultura, preocupada em manter viva a investigação e a produção da arte contemporânea carioca, através do Edital PRO-ARTES VISUAIS, vem mais uma vez convidar o público a participar de uma experiência estética instigante, lúdica e bela, como é esta exposição de Renato Velasco. 

 

 

 

Point in Movement

Emilio Kalil

Municipal Secretary of  Culture

 

During the Renascence, the perspective of the artist was to work upon the lines of a painting’s surface in order to give the impression of reality. In modern times, a work of art corresponds to the strength of thought necessary to comprehend reality and to create a world that is related to reality, but not as a mere reproduction. Human perception has its limits and the contemporary artist labors in a way to break those limits, proposing to the public unique relations of time and space capable of sharpening our perception by inviting us to share artistic thought.

Renato Velasco is a photographer by trade who worked for many newspapers before dedicating himself to artistic investigation with a variety of materials, transiting through paintings, sculptures and sketches. Ponto em Movimento (Point in Movement) uses simple resources in order to deal with the conflict between appearance and concept. The movement of creation, in which the material is transformed by the inventiveness of the artist, makes the art piece become an ever dynamic question and not simply a closed and resolved world.

The City Hall of the city of Rio de Janeiro, by way of its Municipal Secretary of Culture, concerned with keeping the investigation and production of contemporary art alive in the city of Rio de Janeiro, through the PRO-ARTES VISUAIS (PRO-VISUAL ARTS) Invitation to Bid, once again invites the public to participate in a fascinating aesthetic experience, playful and beautiful, as is the exhibition of  Renato Velasco.

 

 

 

ASFALTO - Arqueologia Urbana

Ivana Sperandio

Jornalista

 

Como um arqueólogo, em busca de fósseis que contam a história dos povos, assim o artista procedeu a sua pesquisa pelas ruas e avenidas asfaltadas das cidades. Nelas encontrou preciosidades incrustadas que revelam o cotidiano da civilização urbana dos séculos XX e XXI. Restos de celulares, moedas, latas de bebidas ou de banha, ossos, abridores de latas, ficha telefônica, medalhas, tampas de garrafas, chaves, pregos, tubos de tinta, botons, relógio e etc.

Apesar do método parecido, o que buscava não era a História, mas o efeito plástico desses fósseis urbanos, a textura do asfalto, o brilho e sombras dos materiais metálicos ou coloridos sob determinada luz do dia (escolhida depois de várias observações do objeto em horários distintos), as novas formas que surgem após a revelação das fotos. Não se trata, portando, de um trabalho documental, mas puramente plástico, conceitual.

As ferramentas também são distintas do arqueólogo. Ao invés de espátulas, pincéis ou lupas, uma Nikon 135mm com lente macro. E muita atenção para evitar acidentes com os carros, e paciência para lidar com policiais desconfiados.

 

Concepção da exposição:

Asfalto – Arqueologia urbana é uma exposição de fotos de vários objetos incrustados no asfalto, considerados pelo artista como fósseis urbanos, dispostas no chão de maneira assimétrica numa sala escura, o chão forrado com uma lona preta, onde uma faixa de pedestres pintada simulando uma pista de asfalto abrindo a exposição. 40 painéis (o número varia de acordo com o espaço) de formatos variando de 50cm x 75cm e 60cm x 90cm, são fixados no chão de maneira assimétrica, formando um caminho que permitam o espectador apreciar todas as imagens, sem pisar nas obras. A iluminação focada nos painéis fotográficos. Para ver as imagens, as pessoas precisam direcionar o olhar para o chão, e proceder como se estivessem andando numa rua.

 

Asphalt – Urban Archeology

Ivana Sperandio

Journalist

 

Like an archeologist, seeking fossils that tells peoples' history, the artist proceeded his research through the asphalted streets and avenues of the city. There he found inlaid treasures revealing the daily life of the urban civilization from the 20th and 21st century. Remains of cell phones, coins, beverage or lard cans, bones, can openers, telephone tokens, medals, bottle caps, keys, nails, ink tubes, buttons, watches and so on.

Although the similar methodology, he didn't seek history, but visual effect of those urban fossils, the asphalt texture, the glow and the shadows of metallic materials, or colored according to the daylight (chosen after several observations of the object in different times) the new shapes that emerge after the photographic processing. So, it's not about a documentary work, but purely esthetic, conceptual.

The tools are also different form the archeologists. Instead of spatulas, brushes or magnifiers, a Nikon 135mm with macro lens. And a big attention to avoid accidents with cars, and patience to handle the distrustful policemen.

 

Conception

Asphalt – Urban Archeology is a photograph exposition of several objects inlaid in the asphalt, considered by the artist as urban fossils, displayed on the ground asymmetrically, in a dark room, the ground lined with a black canvas, where a pedestrian crossing is painted, simulating an asphalted street, opening the exposition. 40 panels (the number varies according to the space) in two different sizes, 50cm x 75cm or 60cm x 90cm, fixed on the ground  asymmetrically, forming a way that allows the audience to appreciate all the images without stepping on the photographs. The illumination is focused on the photograph panels. In order to see the images, people must direct their eyes to the ground, and proceed like walking on the streets.

 

 

 

ASFALTO: arqueologia urbana

Carlos Chapéu

Artista plástico e curador da exposição

 

Meu primeiro contato com os registros de Renato Velasco ocorreu há vinte anos e desde então me impressiono com a sutileza e sensibilidade de suas imagens. Fotógrafo apaixonado, Velasco utiliza os recursos mais simples deste meio de expressão para surpreender a cada clic e novamente suscitar a discussão “arte-fotografia” e a área de competência desta linguagem.

Há muito tempo a fotografia perdeu a sua característica puramente documental, encontrando na arte a negação de suas próprias origens para, cada vez mais, criar raízes como meio autônomo de expressão artística. Após o advento da máquina (e aí incluindo a máquina fotográfica), os movimentos modernistas nos legaram a libertação da forma, entendendo que ela não mais precisava ser a representação do real, inserindo-a no campo das idéias, ampliando o campo da arte e a sua relação direta com a vida. 

Marcel Duchamp, com os readymades, foi sem dúvida um sinal evidente dessa relação frente à nova sociedade industrial, fundindo a sua arte com o cotidiano e os acontecimentos banais. E quando os dadaístas e surrealistas utilizaram fotos em suas colagens, incorporaram na arte, de forma definitiva, esse novo elemento da vida moderna, abrindo caminho para a atuação da fotografia, a partir dos anos 60, como ferramenta indispensável na arte conceitual, na Land Art, no Movimento Fluxos e nas performances. Ainda que muitas vezes como registro documental, não raro estas fotos já continham o caráter essencial  enquanto obra, a  expressão e representação da realidade para falar de uma outra realidade.

É nesse contexto que as imagens desta exposição se inserem. Com olhos de águia, Renato Velasco vasculha a selva urbana em busca de sua presa “imagem-luz” para encontrar minúsculos detalhes, objetos que estão ali, sob os nossos pés, todos os dias e por muitos dias despercebidos pelo nosso olhar saturado de informações. Sua imagem estanca o tempo, pede uma pausa e chama a atenção para os resquícios do nosso agitado cotidiano.

Diferente dos registros arqueológicos, cujas descobertas revelam o fazer intencional, os fragmentos apresentados por Velasco nos contam momentos fortuitos, agora fossilizados no betume. Objetos que foram deixados ao acaso e, não por acaso, registrados em seu melhor momento de luz com apurado senso estético. O rigor do fotógrafo é tamanho que chega a catalogar seus “achados” e aguardar até a chegada do próximo verão para dar o clic final, agachado nas ruas aos domingos e feriados, longe do intenso tráfego mas não livre do perigo de eventuais infratores do trânsito.

É à retomada dessa postura que o fotógrafo nos convida ao dispor suas fotos no chão. Fugindo da parede, ele nos obriga a ter o seu mesmo ponto de vista – atitude já presente em outras exposições – quebrando o olhar passivo e provocando uma nova maneira de ver. Sob a macro de Renato Velasco, sem filtros ou manipulação digital, objetos já dados e conhecidos adquirem uma nova lógica, subvertem a escala e falam de uma realidade onde somente a luz faz a diferença.

 

 

ASPHALT: urban archeology

Carlos Chapéu

Artist and exhibition curator

 

My first contact with Renato Velasco's work happened 20 years ago, and since then I am always amazed with the subtlety and sensibility of his images. Passionate photographer, Velasco uses the simplest resources from this means of expression to surprise in every shot and again arise the issue “art-photography”, and the field of this language.

Long time ago photography lost its purely documentary essence, finding in art the negation of its own origins to, more and more, create its roots as an independent means of artistic expression. After the rise of the machine (including the camera) modernist movements gave us the freedom of form, understanding that it doesn't need to represent the reality, inserting it in the field of the ideas, broadening the concept of art and its direct relation to life.

Marcel Duchamp and his readymades, was a clear sign of this relation regarding the new industrial society, fusing his art with the everyday life and trivial situations. And when the dadaists and surrealists used photos in their collages, they incorporated in art, definitively, this new element of modern life, opening the path for photography, starting in the 60's, as an essential tool in conceptual art, in Land Art, in Fluxus Movement and in performances.

Even though mostly as a documentary record, these photographs already contained the essential character as a work of art, the expression and representation of reality to talk about a different reality.

In this context those images of this exposition are inserted. With accurate eyes Renato Velasco rummages the urban jungle, seeking his “image-light” prey to find tiny details, objects that are present, under our feet, every day, and always unnoticed by our tired eyes, saturated by information. His picture stops time, claiming a pause and draws attention to the remnants of our hectic daily life.

Different form the archeological records, that reveals the intentional actions, the fragments presented by Velasco tells us about casual moments, now fossilized in bitumen. Objects left accidentally, and, not by accident, recorded in its best illuminated moment, with an accurate esthetic sense. The photographer's rigor is so that he catalogs his “findings” and waits until next summer to finally shoot, crouched on the streets on Sundays and holidays, escaping from the intense traffic but not free from the danger of eventual traffic violators.

It's the retake of this posture that the photographer invites us when he displays the pictures on the ground. By not using the walls, he forces us to assume his point of view – same tactic from previous expositions – breaking the passive view and provoking a new way of seeing.  Under Renato's macro, without filters or digital manipulations, objects already known acquire a new logic, subverting the scale, and talking about a reality in which only light makes the difference.           

 

 

 

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